Cripta
Atendendo às diminutas dimensões da igreja existentes, foi decidido no ano de 1994, erigir um novo espaço muito próximo do primeiro, tendo sido entregue ao arquitecto Luís Cunha a preparação do projecto. A inauguração foi em 1998, ficando concluída, no ano de 2002. Em todo o edifício há uma ligação de simplicidade entre a construção civil e tudo o resto. O projecto contemplou grandes aberturas para o exterior facilitando o arejamento e o contacto com a natureza, de modo especial na zona nascente.
No claustro da cripta podemos observar, quatro extraordinárias estátuas, como: S. Bernardo de Claraval, Santa Escolástica, Santa Gertrudes e S. Gregório Magno. Na entrada da Cripta encontram-se duas estátuas em bronze de linhas sóbrias e despojadas de S. Rosendo e de S. Geraldo (Monge Beneditino e Arcebispo de Braga) da autoria do escultor António Pacheco.
Dignos de uma observação atenta são os dez painéis de azulejos, pintados por Querubim Lapa, mestre ceramista que era também pintor e escultor, que tão bem retratam episódios da vida de S. Bento.
A VITÓRIA DO ESPÍRITO SOBRE A CARNE
No primeiro podemos o monge Romão a entregar comida a S. Bento, que durante 3 anos permaneceu isolado numa gruta, no Monte Subiaco a 60 quilómetros. de Roma, em oração e meditação. O lado direito deste painel chama a atenção para a importância da Ordem de Cluny no desenvolvimento da vida monástica.
A VITÓRIA DO ESPÍRITO SOBRE A CARNE
O segundo painel revela-nos a forma como S. Bento ultrapassa as tentações através do sacrifício (“lançou-se nú no meio de um matagal de espinhos”) e da oração. Esta faz parte essencial da vida dos monges e da “regra de S. Bento”.
O MILAGRE DA FOICE
O painel seguinte narra o episódio da foice, perdida no lago, e que foi recuperada por S. Bento: mergulhou o cabo da foice esta foi ao seu encontro, podendo assim, o monge continuar a trabalhar. O trabalho é um dos componentes da regra beneditina, a que se alude no lado direito deste painel.
O MILAGRE DO CORVO
O quarto painel apresenta dois episódios da vida do Santo. O primeiro, o episódio do pão envenenado e do corvo (Ver “O Santo”) e o segundo relacionado com a história da pedra que era impossível remover do local onde se encontrava (os monges atribuiram este facto á presença do demónio). Só com a intervenção de S. Bento, que lançou a sua benção sobre ela foi possível concretizar a sua remoção.
A VISITA DO FALSO TÓTILA REI
No painel seguinte está representado o encontro entre Tótila e S. Bento. Tótila, rei do Ostrogodos, que tomou e saqueou Roma em 547, tentou enganar o Santo, ordenando a um seu oficial que vestisse as suas roupas e se encontrasse com S. Bento, como se fosse o próprio rei. Mas foi imediatamente reconhecido e voltou para contar a Tótila o que tinha sucedido.
O MILAGRE DOS SACOS DE FARINHA
O sexto painel lembra o aparecimento sem se saber como, de duzentas medidas de farinha em sacas, à porta do Convento, quando a região da Campânia sofria uma grande escassez de alimentos e os frades passavam privações na sua alimentação. Do lado direito do painel aparece uma referência ao célebre Mosteiro de Einsiedeln, na Suiça, grande centro culturar e de grande importância na expanção do espírito beneditino.
OS PLANOS DO MOSTEIRO DE TERRACINA TRANSMITIDOS ATRAVÉS DO SONHO
A revelação dos planos para a construção do mosteiro de Terracina está retratada no painel seguinte. S. Bento envia frades para esta cidade com a finalidade de construírem um mosteiro e assegura-lhes que ele próprio lhes dará todas as informações necessárias. De facto, através de um sonho são revelados todos os planos de construção. O lado direito apresenta a “Regra”, onde se descrevem as acções e procedimentos dos monges e cuja divisa é “Ora et Labora”, Reza e Trabalha.
ENTREVISTA DE S. BENTO COM A SUA IRMÃ ESCOLÁSTICA
O oitavo painel apresenta o último encontro de S. Bento com a sua irmã, Santa Escolástica, durante o qual se verificou o milagre da tempestade. Aos pedidos da irmã, para que este encontro se prolongasse, S. Bento reagiu negativamente. Sucedeu, porém, uma violenta tempestade, que impediu que o Santo regressasse ao Convento e deixasse a irmã. O lado direito do painel faz alusão à acção evangelizadora, dos portugueses no Brasil.
A VISÃO MILAGROSA DO MUNDO INTEIRO NUM RAIO DE LUZ
O quadro que se apresenta no painel seguinte, reflecte a visão protagonizada por S. Bento, quando, à noite, estando à sua janela, viu o mundo inteiro como que recolhido num único raio de luz e a alma do bispo de Cápua, Germano, ser conduzida por um anjo, em direcção ao paraíso. Referência, no lado direito, para Santa Cecília, padroeira da música e a Abadia beneditina de Solesmes, onde se desenvolveu o canto gregoriano e cuja biblioteca possuía extraordinárias colecções de manuscritos musicais.
MONGES MEDITANDO SOBRE A MORTE DE S. BENTO
O último painel refere a morte de São Bento, anunciada antecipadamente, pelo próprio aos seus discípulos.
Seis dias antes da morte mandou abrir a sepultura. Logo depois, atacado por umas febres, começou a ressentir-se do seu ardor violento. Como a enfermidade se agravava dia a dia, no sexto fez-se conduzir pelos discípulos ao oratório e ali se fortaleceu para a partida deste mundo recebendo o Corpo e o Sangue do Senhor, e apoiando os seus
enfraquecidos membros nos braços dos discípulos, permaneceu de pé com as mãos erguidas para o céu, e exalou o último suspiro entre as palavras da oração. No mesmo dia, dois dos seus discípulos, um que se achava no mosteiro e outro distante dele, tiveram uma mesma e idêntica revelação. Viram um caminho adornado por tapetes e resplandecente de luzes que saía do seu mosteiro e se dirigia directamente para o Céu. Aquele era o caminho pelo qual Bento subiu ao céu. No leito da sua morte Bento deixa evidente que a morte não é o fim, mas o início da acção evangelizadora. Foi sepultado no oratório de S. João Baptista do mosteiro de Montecassino (Itália) e ali resplandece pelos seus milagres até aos dias de hoje, se assim o merecer a fé dos que o invocam.
No centro do painel pode ler-se “Não está aqui. Ressuscitou” (Mat. 28, 6).